ARTIGO: O Ensino da Matemática em tempos de Pandemia


O Ensino da Matemática em tempos de Pandemia

Em março de 2020 presenciamos um dos maiores cenários de pandemia do século XXI. Começávamos um ano letivo a apenas 15 dias e já tínhamos que suspender as aulas e fechar as escolas, os comércios, nossas casas para o convívio dos entes queridos. Tudo por conta da Covid-19, que havia matado centenas de pessoas na China e ao redor do mundo e agora chegava ao Brasil. Lembro-me de que de um dia para o outro nos deparamos com uma situação jamais vista no cenário educacional. Paramos as aulas, mas como que meio tontos, não tínhamos noção do que seriam nossos próximos dias, meses e anos.

No início mandamos atividades impressas aos alunos, na esperança que logo voltaríamos. Não estávamos preparados para manusear qualquer tipo de plataforma digital, pois sabíamos usar quadro e canetão. Com o passar dos dias percebemos que a pandemia não iria embora tão cedo, então vieram as formações e instruções de como usar as “Plataformas Digitais”. Criamos grupos de whatsapp com colegas e turmas e começamos usar o “google Classromm” e o “google meet”. Porém nos deparamos com outra dificuldade, que era o acesso dos estudantes a essas plataformas. Na rede Estadual, o uso foi sendo adaptado e os alunos e pais perceberam que precisavam dela para estudar. Já na rede Municipal de Ensino foi um pouco mais complicado:

 

“Historicamente, a aprendizagem da matemática é um desafio no contexto Brasileiro, principalmente se considerarmos alunos mais atingidos pelas consequências das desigualdades sociais, com ênfase na questão de gênero.”

Os alunos eram mais carentes e desprovidos de celular, wi-fi e computador. Então continuamos mandando atividades impressas nas casas deles através da Secretaria Municipal de Educação (SMEC), que quase sempre voltavam em branco.

“De acordo com Senhoras (2020). A Pandemia apresenta efeitos críticos sobre a Educação, que se referem “aos impactos negativos manifestado pelo comprometimento do processo de ensino e aprendizagem e pelo aumento da invasão escolar” (p.132) já que muitos estudantes não possuem acesso aos meios tecnológicos.

Por quase dois anos nossa realidade foi essa e a sensação de impotência diante do ensino remoto tomou conta, afinal: Como poderíamos mudar essa realidade social tão gritante?

Tentamos. Mas não foi fácil. O Ensino da Matemática, principalmente, ficou extremamente comprometido. Pois os alunos tiveram que escolher sozinhos e sabemos que essa maturidade, a maioria não tem, sobretudo, os de baixa renda e sem acesso ao ensino remoto.

Particularmente, eu pensei que o ensino remoto (classroom, meet) não iria dar certo. Hoje percebo que, apesar das deficiências deixadas no ensino da matemática, ainda foi proveitoso diante daqueles alunos que não tiveram contato algum com o professor.

Deparo-me agora com duas situações bem diferentes:

Alunos da rede estadual que tiveram contato de alguma forma com professores estão mais ativos nas atividades relacionadas ao raciocínio lógico. Consegue desenvolver cálculos mentais e atividades que envolvam as quatro operações matemáticas não foram tão afetadas. Podendo assim, o professor, dar continuidade ao ensino dos demais objetos do conhecimento pertinentes as habilidades a serem desenvolvidas nas turmas.

Alunos da Rede Municipal de Ensino, regrediram mais de dois anos nesses itens citados, trazendo dificuldades básicas de aprendizado. Como por exemplo: problemas envolvendo operações com números inteiros negativos e positivos em uma turma de 8º ano. E ainda, alunos apresentando Transtorno de Déficit de Atenção e hiperatividade (TDH), bem como, Transtornos hipercinéticos, como distúrbios da atividade e da atenção e Retardo Mental Leve- mensão de ausência de ou de comportamento mínimo do comportamento.

“Para que um cidadão possa transitar e interagir na sociedade digital, é preciso que ele aprimore seu pensamento matemático. O desafio da aprendizagem matemática não pode ser apenas da responsabilidade do professor dentro da sala de aula. Exige um compromisso de toda sociedade para que possamos avançar com resultados de aprendizagem”, Ya Jean Chang, presidente do instituto Sidarta.

Neste sentido precisamos que nossos líderes avancem no sentido de trazer mais segurança aos profissionais. Precisamos de ajuda de outros profissionais (psicólogos, fonoaudiólogos, psicopedagogos) para nos ajudar a recuperar essa defasagem que assola nossa educação. Sobretudo a matemática. Precisamos de atitudes mais urgentes e eficazes no que diz respeito as mídias digitais existentes e que muitos de nossos alunos não em acesso. Por fim, nossos chefes precisam nos escutar. Nós professores que estamos no dia a dia da sala de aula sabemos o que precisamos para melhorar a educação do nosso município, estado e país.

 

Professora Tatiane Raimundi Brocco