ARTIGO: Escola livre de racismo
Escola livre de racismo
Laira Marcolan Toso
Não é novidade que o branqueamento racial estrutural ainda contribui para a retirada da representatividade negra na sociedade brasileira. Exemplo disso, podemos citar grandes autores da nossa literatura, como Machado de Assis e Lima Barreto, que em nome de uma “melhor aceitação” tiveram sua pele branqueada nas capas de livros e revistas. Junte-se a estes, outros nomes famosos e também milhares que ficaram no anonimato, mas que nem por isso têm menor importância, na construção do país que somos hoje, mas que, ou não foram reconhecidos (e muitos não o são até hoje) ou tiveram sua identidade branqueada por uma sociedade idealizada com uma suposta superioridade branca.
Importante ressaltar que o autoconhecimento (de si e de sua história) é fator primordial para despertar a consciência racial e histórica que traça os anais do povo brasileiro e a libertação dos dogmas de que essa história é permeada. Ter referência positiva de sua origem e identidade dá ao indivíduo sentimento de pertencimento, faz com que este se reconheça como parte constituinte da história de um povo.
Ouvindo, lendo e analisando histórias de vida, é possível perceber o quanto foi negado voz aos negros que junto com as demais etnias alavancaram nosso país porém continuam segregados e tendo sua reprentatividade histórica negada. Conhecendo essas narrativas é possível reconhecer, mobilizar, mover ações de combate ao racismo e compreender como o letramento racial auxilia no reconhecimento das relações que modelam o mundo e dar força a uma educação antirracista.
Infelizmente ainda no século XXI o racismo é uma prática recorrente. Infelizmente, a escola não é espaço livre de racismo. Em muitos casos, explicitamente ou mesmo que de forma velada, ele está presente em atitudes, gestos, comentários que podem impactar negativamente a vida de crianças negras que enfrentam esse preconceito e deixar cicatrizes para sempre.
Nessa direção faz-se necessário questionar não apenas o que se ensina, mas o modo que se ensina e a forma como os alunos recebem, assimilam e que conduta assumem diante do aprendido, para que possam se tornar sujeitos agentes e transformadores de uma sociedade mais justa para com todos que deram sua contribuição para a formação social, cultural e humana do Brasil.